Intransigência e desrespeito: Cruesp marca reunião, mas não negocia!  

Intransigência e desrespeito: Cruesp marca reunião, mas não negocia!   

Instalação de GT Permanência e continuidade do GT Previdência foram únicos pontos positivos. Fórum das Seis chama nova rodada de assembleias até 3/6. Sintunesp indica debate sobre itens da pauta específica

“Conversa entre duas ou mais pessoas para atingir um consenso sobre um assunto e chegar a um acordo.”

A definição do dicionário Aurélio para “negociação” é o perfeito contraste com o que se passou na reunião entre o Fórum das Seis e o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), em 26/5. Não houve negociação.

Logo no início da reunião, que durou menos de uma hora, a coordenadora do Fórum e presidente da ADunicamp, Silvia Gatti, relatou a grande insatisfação da categoria, em todas as assembleias de base, com o insuficiente reajuste de 5,51% oferecido na negociação de 19/5. “A indignação foi ainda maior quando, menos de 24 horas depois, fomos surpreendidos com anúncios de aumento nos vales nas três universidades, numa clara demonstração de que era possível avançar na recuperação de perdas”, disse Silvia, referindo-se ao vale alimentação na Unesp (que foi de R$ 1.502,00 para R$ 2.000,00) e na USP (de R$ 1.290,00 para R$ 1.950,00), e ao vale refeição na Unicamp (de R$ 40,00 para R$ 43,00, sendo que o VA já estava em R$ 1.950,00 desde janeiro/2025).

Em seguida, ela apresentou a contraproposta debatida pelo Fórum das Seis: reajuste de 8% na data-base 2025, de modo a dar continuidade à política de recuperação de perdas das categorias verificada, ainda que timidamente, nos três anos anteriores, tendo como meta a recuperação do poder de compra de maio/2012.

O reitor da Unicamp e atual presidente do Cruesp, Paulo Cesar Montagner, foi breve na resposta: “Não temos avanço na parte salarial e o que vamos encaminhar, conforme já combinado, é a instalação do grupo de trabalho sobre permanência estudantil e a continuidade do GT Previdência”. (veja detalhes sobre os GTs mais adiante).

Seguiram-se várias falas de representantes do Fórum, sintetizadas a seguir:

- O aumento repentino nos vales, embora importante diante da carestia dos alimentos, não pode ser entendido como negociação unificada. As pautas específicas das categorias têm que ser tratadas depois. O Cruesp precisa melhorar o reajuste salarial para demonstrar compromisso com valorização e recuperação;

- Priorizar o reajuste dos benefícios, em detrimento aos salários, é um profundo desrespeito às/aos aposentados e aos que ainda vão se aposentar;

- A contraproposta de 8% leva em conta a previsão mais pessimista dos técnicos do Cruesp para a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) em 2025, de R$ 177 bi. Se terminar nesse patamar, o ICMS terá um crescimento de 7,2% em relação a 2024. Se os R$ 181,8 bi previstos pela Secretaria da Fazenda forem alcançados, “caberia” um reajuste salarial de 10,8% nesta data-base.

O presidente do Cruesp repetiu a fala inicial e deu por encerrada a negociação salarial, apenas se comprometendo a realizar nova reunião técnica em junho. A coordenadora do Fórum frisou que, além da reunião técnica, queremos nova negociação com os reitores também em junho, pedido que será formalizado por ofício. 

GT Permanência Estudantil

O professor Montagner reafirmou a disposição em constituir um grupo de trabalho para discutir a permanência estudantil e solicitou o envio dos nomes do Fórum, pois a primeira reunião deve ocorrer ainda em junho. Os representantes dos DCEs da USP, Unicamp e Unesp destacaram que a reivindicação central na Pauta Unificada é de políticas isonômicas para valores de bolsas e auxílios, acesso à moradia e outros. Eles reforçaram a reivindicação de que os auxílios correspondam ao valor de um salário-mínimo estadual e pediram o fim da contrapartida de trabalho exigida em bolsas da Unicamp, fator que limita severamente a vida acadêmica dos bolsistas.

GT Previdência

O Cruesp comprometeu-se em realizar uma segunda reunião ainda em junho – a primeira foi em 14/3/2025 – do GT Previdência. O objetivo é realizar um diagnóstico do comportamento das aposentadorias a partir das seguidas reformas previdenciárias e debater os problemas relacionados.

Nova rodada de assembleias até 3/6

Reunidas na tarde de 26/5, as entidades do Fórum das Seis pontuaram a intransigência dos reitores diante da real possibilidade de avançar na reposição de perdas e na recuperação do poder aquisitivo que os salários tinham em maio/2012. A avaliação é que somente a mobilização será capaz de alterar esse quadro.

O indicativo é que as categorias avaliem este cenário em nova rodada de assembleias, até o dia 3/6, terça-feira. O Fórum volta a se reunir na sexta-feira, 6/6, para debater o resultado das assembleias e, também, as emendas que vamos defender na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026, já em tramitação na Assembleia Legislativa.

Atenção: O Sintunesp orienta que, nestas assembleias, também seja feito o debate sobre os pontos que devem ser inseridos na Pauta Específica dos técnico-administrativos da Unesp em 2025. Clique aqui para conferir a Pauta Específica do ano passado, que deve servir como subsídio.           

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Confira esta matéria no Boletim do Fórum, que traz também:

‘Repúdio às manifestações e ataques fascistas nas universidades’

           


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